Embora a educação para o consumo seja essencial para criar adultos críticos a esse conteúdo, isso não é o que acontece na ação promovida no Chile. Ao invés de utilizar publicidades fictícias, o material divulga produtos reais a um público com menos de 12 anos, que não têm consciência crítica para se defender do apelo mercadológico e que não entende a função final da propaganda. A matéria do Estadão ainda ressalta que “ao contrário do que ocorre nos canais de televisão, os estudantes não podem virar a página ou mudar de canal para fugir das peças quando estão em sala de aula”.
Por mais surpreendente que seja a ação chilena, este não é o primeiro caso de publicidade invadindo escolas. Em 2008, o Criança e Consumo encaminhou uma notificação a um colégio de São Paulo e à empresa Johnson & Johnson, por uma ação do produto Clean&Clear realizada na porta da escola, com interpretação de uma modelo e distribuição de amostras grátis. Palestras de nutrição da Sustagem, gincana com Gatorade e Coca-Cola e teatro da OFF Kids são mais algumas das práticas que vêm acontecendo nas escolas, sempre com distribuição de amostras do produto. No Espirito Santo, por exemplo, uma escola chegou a pedir em uma prova que as crianças desenhassem o produto da L’acqua di Fiori que queriam presentear para a mãe – coincidentemente, as vésperas do Dia das Mães.
As iniciativas mostram a invasão dos interesses mercadológicos no espaço educacional, onde a criança está aberta para aprender e assimilar o que é ensinado. Quando o anúncio de produtos invade a escola, é como se o próprio ambiente escolar estivesse ensinando que aqueles produtos devem ser consumidos. Quando até a educação fica em segundo lugar frente aos interesses comerciais de grandes empresas, é o momento de paramos para pensar que tipo de sociedade estamos criando e que valores estão sendo transmitidos às crianças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário