quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Estudos culturais: relações entre infância, escola e mídia

O artigo a seguir, resultado de parte de uma pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria, "tem por objetivos compreender as relações estabelecidas entre a televisão e as diferentes culturas infantis, assim como as formas com que docentes e escolas vêm buscando integrar essa discussão em seus espaços pedagógicos de formação e ensino.
A pesquisa conta com um referencial teórico-metodológico-político baseado nos Estudos Culturais, que busca, a partir da década de 60, compreender de outras formas as culturas e as relações de poder estabelecidas na sociedade contemporânea.
E, como um dos elementos de maior difusão dessa cultura midiática temos a televisão, que predomina nos cenários infantis através de programas destinados a sua faixa etária, mas que também povoa seus imaginários constituindo suas noções de consumo, sexualidade, violência, entretenimento, etc., através dos programas destinados ao público adulto. Investigamos assim as novas representações de infância na sociedade atual, permeadas por aparatos tecnológicos, e, principalmente, de que maneiras as escolas estão incorporando em seus currículos e ações pedagógicas o trabalho voltado à mídia-educação, que busca uma leitura crítica das mensagens e imagens veiculadas tanto na televisão quanto nos jogos eletrônicos, nos sites de relacionamento da internet, nos filmes, nas novas formas de escrita contemporânea."

Confira na íntegra o trabalho de Milene dos Santos FigueiredoElisete Medianeira Tomazetti acessando a página da UFSM.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Por que e como investir na primeira infância?

Esta cartilha tem o objetivo de informar e convidar à reflexão sobre a primeira infância, isto é, o período que vai desde a concepção até o sexto ano de vida, em razão da imperiosa necessidade de um olhar e uma atitude mais cuidadosos em direção a esse segmento. Propõe-se a apresentar as conclusões de especialistas que reforçam a importância dos primeiros anos de vida, período essencial para a promoção do desenvolvimento humano, social e econômico, de forma a assegurar a sustentabilidade em direção a uma cultura de paz.

Pesquisas científicas demonstram que a criança empobrecida, com carências afetiva, econômica e social pode não desenvolver plenamente seu cérebro por causa de ambiente estressante associado à baixa renda. A falta de alimentação adequada, a ausência de interação socioeducativa saudável, de afetividade, de acolhimento familiar e social, de segurança em relação a sua integridade física e afetiva, a falta de estímulos cognitivos, com menos livros, menos leitura, menos jogos e menos oportunidade de participar de eventos culturais, configuram essa realidade.

Clique aqui para baixar a cartilha Compromisso com o Futuro, investir na criança (cepam.pdf 894 kB)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Publicidade na escola

No dia 10 de abril teve destaque a notícia de que o Chile está permitindo a impressão de publicidades no material escolar de suas escolas privadas. Propagandas de diferentes produtos ganham as páginas dos livros didáticos, promovendo inclusive atividades como analisar as vantagens de uma bebida ou cantar músicas sobre os benefícios do celular Claro.

Embora a educação para o consumo seja essencial para criar adultos críticos a esse conteúdo, isso não é o que acontece na ação promovida no Chile. Ao invés de utilizar publicidades fictícias, o material divulga produtos reais a um público com menos de 12 anos, que não têm consciência crítica para se defender do apelo mercadológico e que não entende a função final da propaganda. A matéria do Estadão ainda ressalta que “ao contrário do que ocorre nos canais de televisão, os estudantes não podem virar a página ou mudar de canal para fugir das peças quando estão em sala de aula”.

Por mais surpreendente que seja a ação chilena, este não é o primeiro caso de publicidade invadindo escolas. Em 2008, o Criança e Consumo encaminhou uma notificação a um colégio de São Paulo e à empresa Johnson & Johnson, por uma ação do produto Clean&Clear realizada na porta da escola, com interpretação de uma modelo e distribuição de amostras grátis. Palestras de nutrição da Sustagem, gincana com Gatorade e Coca-Cola e teatro da OFF Kids são mais algumas das práticas que vêm acontecendo nas escolas, sempre com distribuição de amostras do produto. No Espirito Santo, por exemplo, uma escola chegou a pedir em uma prova que as crianças desenhassem o produto da L’acqua di Fiori que queriam presentear para a mãe – coincidentemente, as vésperas do Dia das Mães.

As iniciativas mostram a invasão dos interesses mercadológicos no espaço educacional, onde a criança está aberta para aprender e assimilar o que é ensinado. Quando o anúncio de produtos invade a escola, é como se o próprio ambiente escolar estivesse ensinando que aqueles produtos devem ser consumidos. Quando até a educação fica em segundo lugar frente aos interesses comerciais de grandes empresas, é o momento de paramos para pensar que tipo de sociedade estamos criando e que valores estão sendo transmitidos às crianças.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Brincar para todos

A inclusão social e educacional é um processo que se concretiza, no Brasil, por meio de uma política de educação inclusiva cujos pressupostos filosóficos compreendem a construção de uma escola aberta para todos(as), que respeita e valoriza a diversidade. Assumir a diversidade pressupõe o reconhecimento do direito à diferença como enriquecimento educativo e social. Este processo vem provocando mudanças de paradigma, impulsionando as pessoas a conviverem com uma concepção de aprendizagem , sem restrições de qualquer ordem.

Nesta perspectiva, o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial (SEESP) assumiu a política de inclusão e tem buscado, através de suas ações, apoiar a transformação do sistema educacional em sistema educacional inclusivo.

Brincar para todos é um material destinado a educadores(as) e pais com orientações para a utilização de brinquedos e atividades lúdicas, alertando para a importância de cada brinquedo na promoção do desenvolvimento infantil. O livro constitui uma possibilidade de eliminar as barreiras que impedem o acesso ao conhecimento, uma vez que para as pessoas com necessidades educacionais especiais a falta de acessibilidade se traduz em fonte de discriminação e perda de oportunidades.

Assim, com a difusão deste material, o Governo Federal colabora com os estados e municípios na implementação da política de inclusão escolar e social de todos(as) os alunos(as).

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mídia, Consumo e Infância


A mídia televisiva vem ocupando um lugar de destaque na sociedade ocidental a partir da segunda metade do século XX e no Brasil, desde a década de 1960. A televisão brasileira se tornou uma das instituições de grande relevância na sociedade, assim como a escola, a religião, a família, exercendo grande influência sobre os espectadores. O objetivo deste trabalho é analisar quais são as representações sociais das professoras de ensino fundamental de uma escola de Curitiba sobre as implicações da mídia televisiva na construção da cultura do consumo da infância e qual é o papel da escola diante da influência da TV sobre o consumo infantil. A pesquisa foi desenvolvida com base na metodologia das representações sociais, que procura explicar os fenômenos sociais construídos coletivamente e como estes processos são incorporados e representados pelos indivíduos na sociedade. Foi priorizada no trabalho a abordagem qualitativa e utilizou-se entrevistas semi-estruturadas com cinco professoras e uma pedagoga de uma escola pública municipal de ensino fundamental de Curitiba com o objetivo de verificar se a televisão é utilizada como recurso pedagógico e se há algum trabalho em relação a sua programação e a incitação ao consumo infantil. Para o desenvolvimento desta pesquisa considerou-se indispensável à contextualização histórica do desenvolvimento dos meios de comunicação, seu impacto social e seu papel no desenvolvimento do consumo na sociedade contemporânea. A partir das entrevistas com as professoras, observou-se que a mídia televisiva é o meio de comunicação mais utilizado, tanto como entretenimento, como fonte de informação e que exerce influência na construção da cultura do consumo infantil, porém o seu conteúdo ainda não é discutido adequadamente na escola para o desenvolvimento de uma reflexão crítica dos alunos e alunas diante de sua programação.É importante enfatizar que o consumo existe em qualquer sociedade, mas o mesmo pode ser diferenciado entre necessário e supérfluo. Para se compreender uma sociedade de consumo é necessário compreender alguns pontos: as origens da sociedade de consumo; a identificação entre a sociedade de consumo e período de produção de massa; o papel do marketing na sociedade do consumo.

A Revolução Industrial (século XVIII) foi um marco para a sociedade onde as novas invenções tecnológicas criaram condições para o consumo. No século XIX pode-se dizer que foi estabelecida uma sociedade de consumo. Com essa transformação histórica do consumo o capitalismo se expandiu e novos produtos passaram a ocupar espaços nas famílias, estabelecendo o valor de troca e a expansão permanente do capitalismo. Considerando que neste sistema econômico produtos têm a finalidade de acúmulo de lucros houve a substituição do valor de uso para o valor de troca.
A partir da década de 1920 a publicidade se amplia nos meios de comunicação de massa e se associa a incitação e ao consumo de mercadorias onde produtos industrializados mecanizam a vida e tornam o cotidiano mais fácil. Com o avanço do capitalismo surgiram novas técnicas que ampliaram seu processo de racionalização, o taylorismo e o fordismo.
Após as duas Guerras Mundiais o papel da publicidade e das mídias de massa passou a ser de lazer com o objetivo de persuadir novos consumidores. Com o consumo relacionado ao comercial surge o marketing que não objetivava apenas a produção de bens, mas a venda dos mesmos a qualquer custo.
O indivíduo não consome apenas pelo simples ato, mas pelo significado de cada produto e o benefício que o mesmo trás (status) sendo os meios de comunicação de massa o maior reprodutor e manipulador do consumo. A partir do século XX os meios de comunicação de massa tiveram grande influência nos novos estilos de vida, hábitos, valores dando origem a sociedade de consumo atual.
No Brasil, o crescimento do consumo se deu aproximadamente na década de 1940 também com a industrialização, com isso houve o desenvolvimento dos meios de comunicação e sua influência. Em 1950 faltava infra-estrutura para a consolidação dos meios de comunicação de massa, começando a se estabelecer a partir do desenvolvimento da televisão que no fim da década tornou-se o maior veiculo de publicidade consolidando a sociedade brasileira em uma sociedade de massa.
Há uma contradição da televisão que, embora tenha um potencial democrático está amparada pela lógica capitalista. Os recordes de vendas de aparelhos televisivos marcam a sua disseminação no Brasil, onde há uma inclusão e exclusão social, pois ao mesmo tempo em que apresenta infinitas informações também incita o consumo valorizando as classes dominantes. Através do estudo de alguns autores pode-se afirmar que a televisão está inserida em 100% dos lares e em 80% deles é a principal fonte de informação e entretenimento, mostrando que a comunicação brasileira é feita através da mesma.
A partir destes dados, pode-se perceber como é importante a análise crítica sobre os meios de comunicação de massa, principalmente a televisão, para o desenvolvimento de ações para ampliar seu papel social e democrático na sociedade, pois ensinam sobre o mundo, informam e formam opiniões, veiculam uma visão da realidade, podendo, portanto, ser um importante e indispensável instrumento pedagógico, que deve ser utilizado a partir de uma perspectiva reflexiva no espaço escolar.
A televisão exerce impactos no desenvolvimento da criança, pois tem papel na socialização dos sujeitos, além de reprodutora social e dos mecanismos de controle. A escola é um espaço de socialização, mas ainda não se adaptou as mudanças tecnológicas como a televisão, que faz parte da realidade das crianças. Com a mídia, houve algumas perdas de importância de instituições como família, escola e religião. Mas isso deve ser trabalhado no interior do espaço escolar, onde não se deve excluir a programação televisiva, mas transformar os currículos a incluindo.
Atualmente as crianças tem uma visão de mundo mais ampla do que a cinqüenta anos atrás, quando a mídia estava em desenvolvimento. Estão expostas a informações a todo o tempo, além do consumo.
Frente ao exposto espera-se que pais, pedagogos e professores entendam a importância da reflexão crítica sobre as programações televisivas, formando indivíduos críticos a realidade da sociedade em que estão inseridos.

Indicações bibliográficas:
BARBOSA, Lívia. Sociedade de Consumo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
FERRÉS, Joan. Televisão e Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.